Einstein, realmente, tinha razão. As fantásticas e quase indecifráveis fórmulas matemáticas que ele usou (diz-se, com a ajuda, entre outros, do reputado matemático português Mira Fernandes) levaram a humanidade à Relatividade e à convicção da existência de um famoso “buraco negro” que poderia, talvez, sabe-se lá, engolir e eliminar tudo o que dele se aproximasse e fosse apanhado pela sua insuperável e inesgotável força gravitacional. Cem anos depois de todas essas teorias, os cientistas do nosso tempo, depois de vidas passadas a investigar, a programar, a calcular, recorrendo às mais evoluidas técnicas informáticas, conseguiram, com o apoio de 8 centros telescópicos espalhados pelo mundo, fotografar aquilo que, teoricamente, o Albert já tinha preconizado no seu tempo. A comunidade científica está exultante e nós, claro, parece que também devemos estar. “A ficção passou a ser ciência”, dizia ontem o investigador porta-voz de todos os investigadores do mundo. E um comissário da UE apressou-se a declarar, junto a um microfone da TV, que a vida e o mundo se vão alterar e que nada ficará como dantes.
A coisa passa-se na galáxia M57 que, segundo eles, fica a 50 milhões de anos de luz do nosso planeta. Havia, possivelmente, quem acreditasse que essas já seriam as paragens do paraíso mas, pelos vistos, também essa zona de “flores e mel” deverá estar ainda mais afastada de nós. Teremos que nos resignar em esperar mais tempo até que eles cheguem à “eternidade” ou teremos de nos contentar com os desvarios das nossas almas, com os encantamentos das nossas paixões, com as singularidades das nossas pequenas vidas?
Falando de buracos, estamos muito mais familiarizados com o Ementhal, o famoso queijo suíço com buracos, com os buracos nas solas dos sapatos quando éramos miúdos ou, nos tempos mais recentes , com os buracos financeiros com que somos obrigados a conviver. Buracos negros, todos nós temos muitos nas nossas vidas, daqueles que verdadeiramente nos preocupam e contra os quais temos que lutar para lhes sobreviver. E a nós, e às nossas vidas, às nossas almas, que lhes fazemos? Será que tudo isso será engolido pelo agora descoberto buraco negro? Que acontecerá aos nossos poemas? Que acontecerá à “Ave eterna”, “À Frase de G”, à “Chuva Brilhante”, à “reflexão sobre a utopia” ? Talvez preferisse “deixar-me fingir que me escondo nos montes” mas isso poderia sugerir que aguardava pelo desaparecimento imparavel pelo esgoto do buraco negro. O mundo muda, evolui, progride, mas as mulheres e os homens sempre saberão adaptar-se aos novos mundos. Os mundos que eles próprios criaram, investigaram e descobriram. Os famosos “robôs ” que já por aí andam não nos conseguirão dominar porque nós não deixaremos.
As almas são mais fortes que os buracos negros. Se assim não fosse não daríamos razão a Léo Ferré quando dizia no seu poema “Il n’y a plus rien” (já não há nada) :
“Nous ne mourrons plus de rien
Nous vivrons de tout.
E diz, para terminar: NOUS AURONS TOUT. Dans dix mille ans!
Respeitemos as novas descobertas do buraco negro e vivamos o suficiente para apreciar os buracos dos queijos (para quem gostar) e para expandirmos as nossas almas ao som das nossas paixões e das músicas mais celestiais possível…
PS: Faço notar que este é o texto 300 do nosso blogue. Vamos ter de comemorar!
Uma lufada de ar fresco, bem humorada e elegante, entrou pelos meus olhos, já pisados de tantas notícias de buracos. O humor, terá sempre um lugar privilegiado, como analgésico, neste mundo de preocupações em que vivemos. Sem ele, já estaríamos atirados para um outro buraco, com uma geometria variável ..!
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Uma lufada de ar fresco, bem humorada e elegante, entrou pelos meus olhos, já pisados de tantas notícias de buracos. O humor, terá sempre um lugar privilegiado, como analgésico, neste mundo de preocupações em que vivemos. Sem ele, já estaríamos atirados para um outro buraco, com uma configuração de geometria variável..!
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