Orfãos de sonhos

O mundo, girando em torno do seu eixo, não se encontra, nem se reconhece, perdido no seu espaço esgotado. Ninguém se entende e todos se esquecem do que queríamos. Portugal, mais uma vez, se confunde, enervado com os seus problemas de nascença. Pequeno demais para tanta ambição. Envelhecido por tanta aventura, por ter querido ser grande, com passos de gigante, olhando o futuro lá longe, onde o mar acabasse e nova terra surgisse.

Todos se esquecem, que muitos séculos passaram, e Portugal ficou com os sonhos que sempre tivera. O de ir mais além, porque aqui tudo era pouco e era pouca a vontade de ficar. Os mesmos rios a correr para o mar, e as montanhas a querer expulsá-los das sua entranhas. Como eles, o homem cansado do mesmo de sempre, que outra coisa não conheceu, fechou-se mudo e quedo, como sempre o fizera em momentos de fraqueza e partiu, abandonando quem o amava e sempre o abraçara. Embarcou na corrente do mar para outro horizonte, no infinito dos seus pensamentos, de olhos abertos para não recordar aquele seu mundo pequeno que para trás deixara.

Il a mis le café
Dans la tasse.
Il a mis le lait
Dans la tasse de café.
Il a mis le sucre
Dans le café au lait.
Et il a reposé la tasse
Sans me parler.
Il a allumé une cigarrette
Il a fait des ronds
Avec la fumée.
Il a mis les cindres
Dans le cendrier.
Sans me parler,
Sans me garder.
Il s´est levé.
Il a mis
Son chapeaux sur la tete.
Il a mis
Son manteaux de pluie,
Parce qu´il pleuvait.
Et il a parti
Sous la pluie,
Sans une parole,
Sans me garder.
Et mois, j´ai pris
Ma téte dans mes mains
Et j´ais pleuré…!
( Jacques Prévert, em Déjeuner du matin )

Deixe um comentário

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s