SOPHIA

Celebram-se agora os cem anos do nascimento de Sophia de Mello Bryner Andresen. Já é fim do dia mas o meu subconsciente obrigou-me a não esquecer o facto.

Sophia foi talvez o nome maior da poesia portuguesa do último século. Já muito se esvreveu sobre ela e se falou dela. Estas minhas poucas palavras não vão acrescentar nada às recordações que todos temos da sua obra. Mas nunca será demais dizer que , nos últimos tempos, a sua última “viagem” até ao Panteão Nacional foi,  (juntamente com a de Amália Rodrigues), uma das que mereceu consenso geral de todos os cidadãos.

Por tudo isto acho que ninguém levará a mal recordar uns breves versos de Sophia:

Musa

Aqui me sentei quieta

Com as mãos sobre os joelhos

Quieta muda secreta

Passiva como os espelhos

Musa ensina-me o canto

Imanente e latente

Eu quero ouvir devagar

O teu súbito falar

Que me foge de repente

 

Que seja para todos uma boa recordação.

 

 

Um pensamento sobre “SOPHIA

  1. Uma belíssima homenagem, pela simplicidade e a beleza do poema. Permita-me que acrescente mais uma estrofe de um verso de Sophia, que se adapta a este momento em que nos falta a poesia, entre tanta coisa que nos fortaleça o gosto de andar por aqui…!

    Porque os outros se mascaram, mas tu não
    Porque os outros usam a virtude
    Para comprar o que não tem perdão
    Porque os outros têm medo, mas tu não
    Porque os outros são os túmulos caiados
    Onde germina calada a podridão
    Porque os outros se calam,mas tu não.

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