Férias Grandes

Era assim, que chamávamos as férias escolares de Verão…! Cerca de três meses, que pareciam nunca mais acabar. Um tempo de ócio, para quem vivia longe das praias, sem sair da sua cidade ou vila, ou de expectativa, para quem podia gozar algumas semanas na praia, ou nas termas, por necessidades de saúde, num período calmo, a acompanhar a família.

Penso, como era azul, aquele céu sem nuvens escuras. A brisa fresca, vinda do mar, rasando as rochas que o mar deixava a descoberto na baixa-mar. O cheiro forte do iodo, deixando-nos o gosto de sal nos lábios, fazendo lembrar outros anos. As brincadeiras, que já não interessavam. A novidade de novas amizades que despertavam súbitas paixões. O romantismo ingénuo da adolescência. Havia quem dissesse, que amores de praia, eram levadas pelas marés…! Não sei se seria assim. Apenas sei, que a memoria está cheia de boas recordações que nos vão alimentando a alma. Talvez, amores de verão, que as chuvas do Inverno apagaram de seguida…!

Já não posso falar daquela praia, Figueira da Foz, que tantas vezes se interpôs nos meus pensamentos em épocas diferentes, que nos fazia sentir o que tínhamos crescido desde o ano anterior, procurando os cantos já conhecidos. Tudo mudou, com os tempos e a descoberta de novas praias, cheias de novidades e de novas rotinas. O pormenor, de viver diferente do habitual, tentando contornar o que nos enfadava, do igual de todos os dias, que nos saturava e nos envelhecia. Da quebra de silêncios e preconceitos, mais preocupados com a cor dos calções ou da toalha de praia a condizer com a moda e a personalidade.

Novas praias a Sul, o ganho de novos conhecimentos, em conversas de circunstância com a vizinhança entre toldos, numa “politesse ” cuidada, intercalando com a leitura das notícia do dia ou do livro que nunca mais acaba de se ler. A possibilidade de nos sujeitarmos a opiniões políticas desgarradas, obrigando a interrupções momentâneas, com mais um banho forçado, até fazer esquecer aquelas conversas sem interesse. A sombra do toldo, a deslocar-se continuamente, com o movimento do Sol, a implicar com o nosso sentido de independência.

A rotina de praia, igual à do ano anterior, acabava numa explanada, com hora combinada, após o jantar, tentando a frescura que a noite quente muitas vezes recusava.

A decisão de levar o pequeno veleiro, que me deliciava os fins de semana em Lisboa, foi decisiva. As viagens com atrelado, não eram confortáveis, como nunca o serão. Um pouco preocupantes, com o trânsito a crescer, em estradas de duvidosa segurança. Noblesse oblige, diria eu. As férias começaram de novo, a fazerem-se sentir, com novos motivos de laser, ligando o desporto ao prazer de passar aqueles dias junto ao mar …! As rotinas, essas, tinham sofrido as alternâncias que umas boas férias suscitavam…!

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