A UNIVERSIDADE DO ALGARVE

Desculpem-me estas ocasionais derrapagens algarvias mas julgo que se compreenderão à luz de tudo o que tenho vivido e acompanhado desde os finais da década de 50 do século passado naquele Sul, à data quase lendariamente mourisco e hoje com tantas e tão diversas referências às suas gentes  e às “modernidades” que por lá se conceberam. Muita coisa se deturpou, mas muitas outras vieram dar à região o avanço de que ela tanto carecia e de que, sejamos realistas, ainda carece.

Hoje venho falar da Universidade do Algarve e do seu extraordinário desenvolvimento nos últimos anos. Para que se saiba, a Universidade do Algarve é a Universidade do país com mais estudantes estrangeiros. No ano letivo de 2018/2019 conta com 8264 alunos dos quais 1724 são estrangeiros; 6540 são portugueses.  Uma percentagem de 20,9% que ultrapassa os 20,5% da U. Nova de Lisboa, os 19,8% da U. da Beira Interior e os 19% da U. de Coimbra.  Só os Politécnicos de Bragança e da Guarda ultrapassam as percentagens algarvias, com 34,2% e 22,9%, respetivamente. Este surto de desenvolvimento iniciou-se substancialmente no ano de 2008 sendo atualmente  contabilizadas 86 nacionalidades diferentes. Começaram por vir  frequentar os famosos Erasmus para agora, na sua esmagadora maioria, serem alunos em cursos completos. Se atendermos ao facto de que as universidades portuguesas são frequentadas por 58092 alunos estrangeiros, haverá que reconhecer que o trabalho desenvolvido no Algarve é muito significativo. Dos 1724 alunos estrangeiros matriculados, 838 são brasileiros (48,6%), 127 espanhóis, 71 italianos e 58 alemães.  O Algarve tem vantagens competitivas intrínsecas como o sol, as temperaturas amenas, a proximidade do mar e a proximidade  ao aeroporto internacional. Os cursos talvez com mais reputação nesta universidade são os de Ciências do Mar, Ciências da Saúde, Turismo e o já famoso mestrado em Sistemas Marinhos e Costeiros.

Quando em todo o mundo se fala de especialização, novas e modernas competências, oportunidades internacionais para os jovens,  não há dúvida que os sucessivos responsáveis pela Universidade têm conseguido explorar muito bem a mina de ouro que é a educação,  a cultura e o desenvolvimento tecnológico.

O atual reitor diz que a sua universidade se “transformou numa Torre de Babel” devido à enorme variedade de nacionalidades presentes. Claro que daí decorre também, de forma muito importante, o desenvolvimento da economia da região, começando pela enorme quantidade de alojamentos que foi necessário encontrar e muitos outros que deverão ser ainda contratados.

O Algarve, o nosso famoso Sul, é uma extraordinária região de destino turístico e de apaziguamento da alma. Mas,  como se vê, já é muito mais que isso: transformou-se num alfobre de cultura e, portanto, de desenvolvimento. É bom que tenhamos estes factos bem presentes, principalmente os algarvios que lá sempre residem. E garanto-vos que há muitos, mesmo entre os responsáveis  políticos,  que ainda não se aperceberam deste extraordinário passo em frente que exige, cada vez mais, entendimento coletivo e base consensual de apoio para o progresso desta “mina” que, ainda por cima, não é de lítio!

 

NOTA:  Ao escrever este texto tive conhecimento de que a “MORNA” de Cabo Verde está em vias de ser reconhecida pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade. Não poderia ficar indiferente à cultura de um povo que fala português,  que canta e baila em português e que, quase em permanência,  se educa em Universidades portuguesas. Na Universidade do Algarve há, neste momento, 48 estudantes cabo verdianos. Parabéns a Cabo Verde e à sua canção nacional!

Um pensamento sobre “A UNIVERSIDADE DO ALGARVE

  1. Não posso deixar de comentar…! Porque fiquei esclarecido, rejubilante, de um fenómeno que nos entusiasma e nos envaidece, olhando à situação de penúria e ao sub-desenvolvimento, em que há bem poucos anos nos tínhamos colocado, em relação aos nossos companheiros europeus. Também, porque é uma região que aprendi a gostar há muitos anos. Sempre ouvi dizer que os gostos também se educam e se aprendem. E comigo, a realidade, foi o de ter conhecido uma moura, que me prendeu com o seu olhar, mostrando-me todas as belezas de uma terra que me cativou pela mansidão do seu clima, das suas doces praias e da amizade das pessoas, das serras salpicadas de branco, de um casario de características únicas, tão semelhantes, às que a ancestral emigração levou para o interior do Brasil …! E as Universidades algarvias, tão pouco discutidas entre nós, talvez esquecidos, entre problemas derivados de constantes contestações sobre a 125 e a qualidade de oferta de alguns sectores, nem sempre bem entendida durante o Verão, com certeza que foram a cereja em cima do bolo, em complemento de um turismo, que ultrapassou as perspectivas de há umas vintenas de anos atrás…! O que já não consigo adivinhar, é, se a tradicional doçaria algarvia, de qualidade, ainda consegue, metaforicamente, manter-se nos tops da enorme projecção do panorama cultural e turístico, algarvio …! O que me parece-me bem, é que a cultura e o turismo, podem caminhar de mãos dadas, gozando os prazeres da frescura à beira-mar…!

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