La Terre tournera sans nous…!

Ma vie
J´en ai vu des amants
Ma vie
L´amour ça fut le camp
Je sais
On dit que ça revient
Ma vie
Mais cést long le chemin.

Ma Vie…! Quantos de nós, esquecemos este título ? Quantos de nós, esquecemos ou desconhecíamos o nome daquela voz, que se erguendo quase de um grito de desespero, entoava uma das mais belas canções francesas dos anos 60 ? Pois, Alain Barrière, aos oitenta e quatro anos, deixou-nos…! A nós, os que ainda sentem a beleza do cançonetismo francês daquela época, a entoar as manhãs suaves, de um dia de repouso…! Nunca tive a curiosidade de saber, porque razão, canções de tanta expressividade, desapareceram do mercado, substituídas por outras, emergentes, entre uma juventude ávida da novidade e do diferente, nem sempre com a qualidade desejável…! Sabemos que o mundo discográfico, não é estático, muito pelo contrário…! Também sabemos que Alain Barrière, seu nome artístico, não era coisa fácil de manipular, nem era de ficar à espera de ser catapultado para o estrelato fácil e efémero dos nossos dias…!

Recuando um pouco, no tempo, podemos lembrar, o quanto a França era depreciada pelas sucessivas crises políticas e a consequente crise económica, com o Franco a desvalorizar-se todos os dias. As canções eram sempre no mesmo estilo, tirando Edith Piaf, ou a sempre diferente Juliette Greco e as suas ideias existencialistas. Com a entrada de Charles De Gaulle, na vida política, a França tomou um outro rumo. A indústria desenvolveu-se, modernizando-se, a guerra da Argélia terminou, com a realização da independência, e o franco desvalorizadíssimo, inflacionado, substituído pelo Novo Franco. Estávamos em finais dos anos 50 e início dos anos 60. Portugal, começou a receber uma vaga, nunca vista, de turistas, circulando por todas as estradas do país. Atraídos por uma campanha de promoção bem organizada, conhecida por ” Portugal Pink ” e uma canção baseada num fado de Amália Rodrigues, ” Avril au Portugal.”..! A França, voltava a crescer em importância e a indústria automóvel crescia com o lançamento de modelos avant-garde, para diversas bolsas, incluindo o minúsculo Renault 4, de motor à retaguarda…!( Quatro portas, quatro cavalos, quatro rodas, quatro cilindros, quatro lugares, quatro litros aos cem…! ). Quem não gostaria de ter um destes automóveis , na garagem ?

No cinema, Claude Lelouch, deliciava-nos com as suas realizações. Un homme et une femme, deixando-nos com a sua música de fundo colada aos ouvidos, num estilo de nova vaga de música francesa. Da mesma forma, que Jean Gabin, nos deliciava com a sua canção, mais falada do que cantada, Je Sais…! E Alain Barrière, por último, tal como comecei, com uma outra canção de enorme senssibilidade : ” La Terre tournera sans nous”…!
Que croyons-nous, qu´esperons nous
La Terre, elle tournera sans nous
Sans nos délires, nos rêves fous
Et sans ce monde, qui fut nous…!

Um pensamento sobre “La Terre tournera sans nous…!

Deixe um comentário

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s