VEM AÍ 2020!

São sempre curiosos os votos  feitos para os anos que entram. Prevêem-se e desejam-se coisas boas, melhores que as que se têm vivido,  sem se dar o justo valor ao que de bom se viveu no ano que acaba. Claro que há sempre, para todos nós, anos melhores e anos piores, anos que nos deixam boas ou más rcordações. Mas é bom que se possam ir fazendo votos, é sinal que o mundo ainda não acabou para nós, para aqueles que fazem os votos.

Mas as perspetivas para o novo ano leva-nos a olhar à volta, a olhar para o mundo e a tentar perceber como seremos afetados por tudo o que se vai passando no mundo e à nossa volta. E se nos focarmos apenas no que nos é dito, transmitido ou relatado ficamos sem dúvidas que o “mundo está para acabar”. Tudo o que se anuncia é mau ou, pelo menos, preocupante. Os noticiários esmeram-se em nos facultar, repetidamente e sem contenção, de chegar à náusea, informações de “escaldante” atualidade que vão desde as desavenças internas de gente do nosso país (às vezes com imagens de arquivo tão antigas que julgo que os figurantes já estarão  reformados ou talvez até falecidos); antagonismos entre países, transformados em ameaças de guerra comercial ou, sabe-se lá, militar; previsões do que será o mundo (ou já não será) num futuro próximo,  devido à nossa generalizada falta de cuidado com os carros que guiamos ou com os aviões que ainda utilizamos; as ameaças decorrentes das massas de migrantes que invadirão o nosso mundo porque o deles lhes é nocivo e os condena; os presságios de acidentes naturais, baseados em estatísticas científicas, que nos deixam aterrados.

Muito disto é notícia breve que desaparece ao fim de pouco tempo para ser substituida por outra igualmente derrotista. Mas, para além de tudo isso, há  o que sabemos que não corre bem no mundo e nos preocupa seriamente. Há 52 países com guerras internas, há multidões de refugiados que, nos seus percursos e abrigos provisórios, acabam por morrer aos milhares. Para estes casos, de veracidade indiscutível, o tal mundo evoluido não tem soluções. Tem recomendações a fazer, e fazem-nas, mas caem, geralmente, em sacos rotos. Por muito perigosas que sejam as situações,  os “importantes” do mundo envolvem-se num interminável jogo de xadrez para o qual nenhum tem soluções finais. Tudo comandado pelas gigantescas e poderosíssimas corporações mundiais. O czar da Rússia continuará o seu percurso de atrapalhar a Europa (à qual ele talvez gostasse de pertencer mas para a qual ninguém o convidou); o louro americano lá vai decretando sanções contra países rivais, sanções essas que acabam por ser revertidas (mercê dos sábios conselhos de alguns espíritos mais moderados que, obrigatoriamente, o rodeiam); o outro louro britânico lá vai a caminho do seu adorado Brexit, cujas consequências ainda ninguém sabe, em detalhe, quais são; o novo sultão da Turquia lá vai ameaçando a Europa com a abertura escancarada das portas pelas quais despejará milhões de emigrantes no velho continente (sempre lembrando, o que é verdade, que também pertence à NATO) e, mais recentemente, propondo-se enviar as suas tropas para a Líbia para “dar um jeito” à barafunda que por lá campeia (o gás que consumimos vem de lá…); o rapaz da Venezuela lá se vai aguentando com o conforto de comida, salários e bem- estar prodigalizados aos militares de que se rodeou; o capitão que governa o Brasil ou, melhor, lá vai dizendo umas coisas enquanto os seus apaniguados vão governando o Brasil e, “last but not least” desta resumida enumeração, o eterno flagelo de África, onde todos os rivais, que são muitos, se vão, meticulosamente,  matando e onde as maiores atrocidades humanas se vão propagando todos os dias.  Há deuses a mais por este mundo fora!

Chega de tanto ruído, o tal ruído com que nos habituámos a conviver e que nos leva, muitas vezes, a esquecer o papel importantíssimo que, ao nosso alcance, podemos e devemos desempenhar. O ruído excessivo é, muitas vezes, fatal. Como bem lembrou recentemente o cardeal Tolentino de Mendonça (que respeito em termos pessoais): “O Silêncio devia ser proposto como Património Imaterial da Humanidade”.  Há muito de verdade neste estranho conceito. Se, com maior silêncio, a Humanidade se disponibilizasse a rever, seriamente, os seus problemas e a procurar, denodadamente, soluções, talvez os próximos anos fossem melhores do que agora nos é proposto . O mundo está, realmente, a mudar e por isso muitas desgraças anunciadas não se verificarão porque a capacidade de adaptação do Mundo e da Natureza é maior do que as rapidíssimas e muitas vezes mal fundamentadas declarações nos propõem. Há muitos e sérios estudos científicos que nos alertam para os prós e contras que estamos a viver. Clint Eastwood, que não é cientista mas apenas homem de cinema e de escrita, disse há bem pouco tempo: “Dizem que devemos deixar um mundo bom para as novas gerações. Não deveremos, antes, preocupar-nos em deixar boas gerações  para o novo mundo?” Vale o que vale… mas não deixa também de nos levar a pensar.

A Paz é o bem maior que todos desejamos. Inalcançável em termos globais mas, nos nossos pequenos mundos, talvez possamos contribuir um pouco para ela.

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BOM ANO DE 2020 PARA TODOS OS NOSSOS LEITORES E AMIGOS!

 

 

 

 

Um pensamento sobre “VEM AÍ 2020!

  1. Devo confessar, que todo este texto, palavra por palavra, repercutiu-se, positivamente, no meu cérebro Este mundo em que vivemos, talvez pelo excesso de notícias, desde as fake news, até às mais mediáticas, têm-se encaminhado para uma situação de desinteresse público, por aquilo que ainda há pouco tempo se reclamava de humanismo. Imagens de miséria e injustiça, iguais às do dia anterior, numa constância, na qual, a sensibilidade vai diminuindo, pelo hábito de ver as mesmas imagens e a banalização do sofrimento, aliando-se ao egoísmo do salve-se quem puder e dos que pensam que já nada pode ser feito…! E este panorama, repete-se perante os olhos de quem se fixa no pequeno écran da televisão ou nas gordas dos jornais diários. E as festas de Fim de Ano, numa apoteose, a querer tapar o Sol com uma peneira, gastando o que falhou noutros sítios, onde seria bem mais necessário, com o foguetório maravilhoso, diga-se de passagem, encheu os corações de milhões, em todo o mundo, de uma felicidade efémera, que quanto muito, durou até ao dia seguinte ou ao regresso à vida de todos os dias ! E pelo que vejo, parece-me que Clint Eastwood tinha razão…! Talvez, na preparação das gerações seguintes, esteja apenas parte da solução ! Apenas uma parte, porque a outra, será sempre de nossa responsabilidade…! Um Bom Ano, amigos…!

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