FERNÃO DE MAGALHÃES, A SAGRES E O COP

Perdoar-me-ão os meus amigos leitores pelo tema, bastante pessoal,  que aqui hoje vos trago. E faço-o com sentimentos à flor da pele e com a recente emoção de ter visto, esta manhã, pela televisão, a cerimónia da partida do Navio Escola Sagres para uma viagem de circunavegação com a duração de 351 dias.

Pertenço a um Curso da Escola Naval  (D. Duarte de Almeida) que, em duas viagens de curso,  realizou duas regatas oceânicas a bordo da Sagres (da antiga, rendida em 1962 pela atual): a primeira foi Torbay-Lisboa, em 1956 e a segunda  Brest- Las Palmas em 1958.  Fui depois oficial de guarnição dessa antiga Sagres (onde funcionava a Escola de Marinharia da Armada) até finais de 1961 e selecionado, pelo Com.te Silva Horta, para fazer parte da guarnição que iria ao Brasil trazer esta atual Sagres (de seu nome Guanabara, na altura) nos princípios de 1962.  Quiseram os homens e o destino que eu não seguisse nessa missão e fosse destacado para outra que veio a ter uma história bem diferente (o relato desta história está escrita e publicada no livro “A Última História de Goa”, editora Colibri) que pode ser adquirido em qualquer livraria. Pertenci, por outro lado, aos corpos diretivos do COP – Comité Olímpico de Portugal, de 1997 a 2013 e fui Chefe de Missão aos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e nos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver 2010. Li, conheço e reli a epopeia de Fernão de Magalhães. Como podia eu não ficar emocionado com a reportagem de hoje na RTP? Para além dos discursos de circunstância, que não desmereceram, vi caras conhecidas de que gostei. Em particular a do Chefe de Missão aos Jogos de Toquio 2020, o Marco Alves, com quem convivi no Comité e que vejo agora, com enorme prazer, preparado para  uma missão deslumbrante, inesquecível e que ele vai, tenho a certeza, desempenhar com enorme competência e ponderação. Não conheço o comandante da Sagres nem ninguém da sua atual guarnição,  mas também não duvido das suas enormes competências e capacidades para replicar, quase por inteiro, a viagem de há 500 anos de Fernão de Magalhães. Alguns conhecidos meus criticaram há algum tempo a ausência de Portugal nas comemorações Fernandinas. Pois aí têm a resposta. O mais belo veleiro do mundo vai reproduzir a viagem e abrigar a Casa de Portugal, em Tóquio, durante os Jogos Olímpicos.

Há muitos cabos a bordo da Sagres mas só há uma corda, a Corda do Sino, que por sinal se viu bem na reportagem da televisão. Estão por lá os mastros todos: o gurupés,  o traquete, o grande e a mezena e este com velas partidas (mezena alta e mezena baixa), coisa que não acontecia na velha Sagres: a vela da mezena não era partida.

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Só para terminar o texto, que não desejo longo, considero uma iniciativa muito prestigiante para a Marinha Portuguesa e para Portugal a viagem que hoje se iniciou e que nos permitirá ver de novo a Sagres em Janeiro de 2021. Estou certo também que o desempenho dos atletas portugueses nos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio será também empolgante e empolgado pela presença deste belo veleiro servindo-lhes de Casa de Portugal. Boa sorte e bons ventos para todos!

 

 

 

Um pensamento sobre “FERNÃO DE MAGALHÃES, A SAGRES E O COP

  1. Uma experiência, que nunca mais se apagará da memoria, de quem está a iniciar esta verdadeira viagem de sonho ! E bem que Portugal precisava disto, levando a paz e o bom nome, nas velas cheias de bons ventos…!

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