A TAP era até 2015 uma companhia de aviação, mas a partir daquele ano passou a ser sobretudo um campo de batalha ideológico.
Na tradução que tenho em meu poder do Memorandum de Entendimento assinado pelo PS, PSD , CDS e representantes da Comissão Europeia, no capítulo das privatizações, está escrito que ( o Governo ) tem a expectativa que as condições de mercado venham a permitir a venda destas duas empresas ( a EDP e a REN ) bem como da TAP até final de 2011.
O Governo Passos Coelho + Paulo Portas não conseguiu vender a TAP até 2015 – só o concretizou no estertor da sua nefasta governação, em Novembro de 2015. Como, entretanto em 2014, Portugal já tinha tido a sua saída limpa das garras da troika, a nacionalização da TAP não era exigível. É pois lícito concluir que a venda da TAP a privados não foi uma necessidade mas sim uma opção ideológica.
Em Julho de 2020, virtude das consequências que a pandemia Covid 19 teve na aviação comercial, a TAP estava à beira da falência. O Governo de António Costa tinha 3 opções : deixar consumar a falência, nacionalizar , ou entrar no respectivo capital de forma a poder mandar na empresa. Foi escolhida esta última alternativa e não têm faltado alertas para os custos que isso pode trazer para o erário público. São avançados números e previsões que sem dúvida, num cenário de lenta e difícil recuperação das actividades da aviação comercial, são preocupantes.
Mas o que os críticos não dizem ( porque não sabem ou não querem dizer ) é quanto custaria ao erário público, em termos financeiros, a falência da TAP, nomeadamente eventuais responsabilidades do Estado por dívidas que a TAP não pagaria, falência de empresas fornecedoras da TAP, pagamento de subsídios de desemprego aos trabalhadores que ficariam desempregados, perda de impostos, não ter uma companhia aérea que assegure a continuidade territorial, etc.
Conhecer estes números é importante para avaliar se, simplesmente em termos financeiros, a opção foi boa ou má.
Mas, para alem dos euros que é necessário gastar, há sempre que considerar o interesse dum país no extremo ocidental da Europa, com regiões autónomas insulares, com comunidades de emigrantes em vários continentes e membro da CPLP , ter ou não ter uma companhia aérea de bandeira.
Lembrando o que se dizia quando o Sr. António Champalimaud fazia diligências para construir um siderurgia em Portugal ( finais dos anos 50 do século passado ) “ um país sem uma siderurgia não é um país, é uma quinta “ , que diremos dum país nas circunstâncias acima descritas sem uma companhia aérea de bandeira ?
Lisboa, 6 de Junho de 2020
Inteiramente de acordo. E quem já viajou pela TAP, sabe bem, como nos sentimos em casa. No nosso ambiente, quase familiar, tão apreciado por quem nos visita. Infelizmente, somos um pais que sofre o desmérito de nos sentirmos, ou de nos quererem fazer sentir, o complexo da nossa pequenez e da impreparação, diminuindo o orgulho de termos sido o que fomos, tão apressadamente esquecido.
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Estou de acordo. É também essa a minha posição.
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