Recordações Curiosas – 1

O Vulcão dos Capelinhos

A oeste da ilha do Faial, nos Açores, na chamada freguesia do Capelo, existe uma zona chamada de Ponta dos Capelinhos, na qual se verificou, há 64 anos, uma forte erupção vulcânica a que se chamou “Vulcão dos Capelinhos” que veio a ser popularmente designado, pelo desconhecimento dos seus antecedentes, de Mistério dos Capelinhos. No local existia um farol (Farol dos Capelinhos) e, em frente ao farol, dois pequenos ilhéus chamados de “Ilhéus dos Capelinhos”. Toda essa zona, após a erupção, passou a estar coberta de escórias e derrames lávicos tendo aumentado a área da ilha em cerca de 2,4 km2.

Tratou-se de uma erupção submarina que, devido à sua localização, pôde ser acompanhada e estudada cientificamente. Existe, desde 2008, um Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos encontrando-se toda a área em torno do vulcão, de elevado interesse geológico e biológico, integrada na Rede Natura 2000.

A primeira erupção teve lugar no dia 27 de Setembro de 1957. Foi uma fase de grande violência que obrigou a que as populações da zona, embora não muito numerosas, fossem deslocadas para outros locais da ilha. Houve depois uma fase de erupções intermitentes até janeiro de 1958, seguindo-se uma fase de maior acalmia. No entanto, nos dias 12 e 13 de Maio verificou-se de novo violenta atividade vulcânica (como lhe chamaram os técnicos do tipo “Stromboliano”) e receou-se que surgissem situações de perigo para parte da ilha e para os seus habitantes. A tal ponto que foi solicitada a presença de dois navios da Armada Portuguesa que se encontravam junto à Ilha de Porto Santo, na Madeira. Os navios seguiram para o porto da Horta, tendo a guarnição ficado disponível para qualquer apoio em terra. Entretanto a situação acalmou e os navios acabaram por sair do porto e regressar à sua missão inicial no dia 21 de Maio.

No período em que a guarnição esteve no Faial houve oportunidade para, além de visitas tradicionais, haver deslocações ao local próximo do vulcão. Foi desses momentos que os participantes dessas deslocações guardaram recordações mais fortes e, porventura, indeléveis. Os mais jovens da guarnição aproximaram-se afoitamente da zona da cratera e puderam assistir, em direto, a um espetáculo que, muito provavelmente, só voltarão a ver em cinema.

Claro que, apesar da talvez irrefletida aproximação à cratera, como se comprova pela foto ao lado,  a sensação e as imagens vividas não serão esquecidas por quem as viveu, mesmo já depois dos 64 anos passados.

A missão acabou por ser cumprida, os navios puderam regressar, mas para muitos restou a possibilidade de hoje poderem relatar esta curiosa recordação.

Acredito que muita gente nova nunca tenha ouvido falar do Vulcão dos Capelinhos mas, com este apontamento, talvez lhes valha a pena preparar uma visita ao local e conhecer o tal Centro de Interpretação que lhes contará a história completa do que aqui não ficou, naturalmente, contado. Até porque uma visita à ilha do Faial e à cidade da Horta é sempre um prémio de vida. E quando lá forem já podem falar do vulcão.

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