Thais é uma ópera da autoria do compositor Jules Massenet, estreada em Paris em 1894. O “libretto” em francês é da autoria de Louis Gallet baseado num romance homónimo de Anatole France.
Não será das óperas com maior divulgação por todo o mundo mas não deixou de ser um dos maiores sucessos de Massenet. A ópera e a obra que lhe deu origem passa-se no Egito Antigo e aborda a paixão de um sacerdote, Atanael, por uma lindíssima cortesã, Thais. A ópera inclui uma das peças musicais mais belas e apreciadas por todos: a Meditação.
A peça é tocada no segundo acto e foi preparada para solo de violino com orquestra. “A Meditação” pretende exprimir a reação de Thais ao desafio do sacerdote para que troque a sua vida de luxúria pela da devoção à religião. Este enquadramento não pretende descrever a ópera nem relatar todo o seu conteúdo.
O objetivo deste texto é apenas o de polarizar atenções numa peça musical de maravilhosa composição e que nos arrasta até ao interior da alma. Esta peça tem sido interpretada por centenas de maravilhosos executantes e basta consultarmos o inefável YouTube para escolhermos e ouvirmos a interpretação que mais apreciemos.
Vivemos, desde há muito, uma época de realismo, materialismo, de novos conceitos de vidas e tecnologias, de excessos e ausência de solidariedade. Muitas religiões ou para-religiões, como se queira chamar-lhes, há muito que insistem e divulgam a necessidade da meditação, como tratamento ético, espiritual, anti-traumático. Tenho amigos que se dedicam, quase profissionalmente, a essa nobre missão de sugerir a paz a quem dela não dispõe.
Não é essa, claro, a minha intenção. Gostaria apenas de transmitir a maravilhosa, quase sublime, sensação de se ouvir, com atenção, essa extraordinária peça musical. Abstraindo-nos da ópera e do seu enredo fiquemos apenas pela maviosa melodia do violino e do acompanhamento de orquestra. Basta fechar os olhos e sentimo-nos transportados até às barreiras do sonho, da reflexão, do encantamento interior. Talvez nem toda a gente esteja de acordo com esta opinião mas são muitos os que a ouvem múltiplas vezes, principalmente quando tudo o que nos cerca se torna excessivo. E medita-se, pensa-se, pacificamo-nos interiormente e perguntamos como foi possível construir aquela melodia tão extraordinária. A pureza da Meditação faz-nos reviver os momentos mais amáveis das nossas vidas, obriga-nos a pensar que a vida não pára e vai para além da morte. Esse inevitável momento que não desejamos mas para o qual estamos, no fundo, sempre preparados. “A Meditação” ajuda-nos a separar o supérfluo de tudo o que é verdadeiro e humanamente compensador.
Porque me terá apetecido escrever hoje este texto? Não sei. Mas garanto-vos uma coisa : vou ouvir a Meditação. Talvez encontre algum de vós nesse tal maravilhoso e inexplicável comprimento de onda.