A DERROTA DO FRANCÊS

Já por diversas vezes abordámos neste blogue o problema da diminuição do francês como língua escolhida pelas mais recentes juventudes. Não só a portuguesa como a de muitos países do mundo. Aprecio e entendo-me bem com as línguas latinas e o que aprendi nas escolas de francês, enquanto jovem, guardei, com interesse, para toda a vida. O seu conhecimento foi-me útil muitas vezes durante os meus encontros profissionais no exterior. Gosto da língua francesa e tenho pena que a sua influência entre nós e no mundo tenha vindo a ser tão reduzida. O inglês (ou o americano que não é bem o mesmo que o inglês) ganhou definitivamente a “corrida”. O inglês é hoje o esperanto do mundo. Regresso a este tema depois de ter lido um interessante artigo de Luis Castro Mendes no Diário de Notícias com o qual muito me identifico.

Começa ele por relembrar que há séculos atrás Thomas Jefferson dizia que “Todo o homem tem duas pátrias: o seu país e a França”. Nos meus tempos de estudante ainda se vivia um pouco esse ambiente. Tínhamos cinco anos de francês e três de inglês. As vidas futuras ditariam as escolhas ou preferências de cada um. Cito Castro Mendes: “É certo que o domínio do inglês no comércio de bens e ideias a nível mundial já pouco tem a ver com Reino Unido, entretido hoje com as festas privadas de um pobre homem que se quer equipar a Churchill, antes tem a ver com a hegemonia norte americana e a facilidade com que, não o inglês de Shakespeare, Keats e Chesterton, mas o globish anémico que passa por língua inglesa e se tornou a língua franca dos nossos dias… A França fez por isso: o decréscimo da sua presença cultural entre nós, por frias razões financeiras, o tratamento que fez do ensino da língua portuguesa em França, considerada não uma língua de cultura mas uma língua de migrantes, contribuiram certamente para este declínio.

Em inglês nos entendemos hoje por todo o mundo, com russos, árabes, japoneses, com persas e muitos outros. Até os próprios franceses, mais renitentes, já começaram, há tempos, a expressar-se em inglês o que, com o seu sotaque próprio, se torna por vezes risível. Mas, coitados, entendem-se. Castro Mendes, durante a sua carreira diplomática, chocou-se com a recusa obstinada de escandinavos e leste-europeus de falarem francês no Conselho da Europa. Como também assistir a uma festa da francofonia em que o presidente daquela organização só falava inglês!

Umberto Eco dizia que “a língua da Europa é a tradução“. Então, nesse caso, que cada um fale a sua língua e espalhe a sua cultura. É curioso vermos franceses de ascendência portuguesa chegarem a Portugal e terem que falar inglês para se fazer entender.

Isto é apenas um desabafo. “É a vida!”

Um pensamento sobre “A DERROTA DO FRANCÊS

  1. Além do poderio económico e militar dos EUA, a outra razão pode ser a simplicidade e o pragmatismo do inglês comparado com as línguas latinas e o alemão

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