OS CLOONEY

Nesta época quente de verão, pós pandemia, não se poderá levar a mal se falarmos de temas um pouco mais refrescantes para tentarmos, por momentos, não falar da saga dos incêndios e da guerra na Ucrânia. Para sermos mais corretos, não falar da invasão da Ucrânia por um todo poderoso oligarca tresloucado que ninguém parece poder travar. O Responsável europeu pelas relações internacionais (um tal de Borrell) recomenda-nos “Esperança”, sinal de que não tem nada por nos dizer nem nenhuma solução apontada. Isto de ser europeu é, nos tempos que correm, um tremendo sarilho.

Passemos portanto ao tal tema aligeirado. Falemos dos Clooney.

George Clooney é aquele maravilhoso galã do cinema e da televisão que já duas gerações se habituaram a ver e que reune, entre as meninas dos nossos tempos, milhares de fãs incondicionais. Mesmo entre os homens sempre foi olhado com um discreto ciume por se perceber que ele iria sempre mais longe nas conquistas do que os simples mortais que corriam para ver as suas aventuras. Além de ator e produtor de cinema e televisão é também um filantropo reconhecido, ajudando causas humanitárias mesmo fora da sua América natal. Vive, desde há anos numa residência ao pé do Lago de Como, perto de Varese, em Itália. O estilo de vida europeia não lhe é de todo indiferente. Muitos nos lembramos de alguns dos seus filmes famosos, como o Ocean’s 11, de 2001, o Ocean´s 12 de 2004 ou o Syriana de 2005 (entre muitos outros). Teve um primeiro casamento com Talia Balsam que durou apenas 4 anos, de 1989 a 1993. Mais tarde, em 2014, encontrou a sua segunda mulher, a advogada anglo-libanesa Amal Alamuddin, nascida em Beirute em 1978. Especializada em direito internacional público, direito penal internacional e direitos humanos, estudou nas melhores universidades inglesas e americanas. Fala corretamente o arábico, inglês e francês. É nela que vamos centrar a nossa pequena história de hoje. Deste casamento resultaram dois gémeos, Alexander e Ella, a quem dedicam as suas vidas. Houve uma época, durante o casamento, que a atriz Catherine Zeta-Jones se “aproximou” demais do George e a nossa advogada não esteve com meias medidas e arranjou formas elaboradas de distanciamento. Embora a Zeta-Jones não seja nada de desdenhar… acho que a causa foi muito meritória. Continuam felizes.

Chegamos finalmente ao ponto do nosso enredo de hoje. Amal Clooney condenou a decisão do tribunal de relação das Filipinas por manter a condenação da jornalista Maria Ressa, vencedora de um Prémio Nobel, por um texto difundido na internet com opiniões contrárias às do ditador Rodrigo Duterte quando, em 2012, este ainda se encontrava no poder. Poucos dias antes de abandonar o cargo Duterte ordenou o encerramento da empresa de comunicação Rappler, e do artigo de Maria Ressa, acusando-os de terem violado as regras legais da informação. Isto é, só seria possível publicar aquilo que o seu governo autorizasse. Embora os da minha geração se lembrem bem do muito que se passou entre nós, no mesmo domínio, antes de 1974, as repercussões no mundo de hoje são mais visíveis e transfronteiriças. Ressa e o seu ex-colega jornalista arriscam uma pena de prisão e pensam agora recorrer para o Supremo. Aguarda-se também o posicionamento do atual Presidente Ferdinand Marcos Jr, filho de um anterior presidente também ditador e de quem não se espera grandes assomos democráticos. Amal Clooney, que lidera a equipa jurídica internacional integrada na companhia Caoilfhionn Gallagher QC, afirmou em tribunal que a jornalista “devia ser louvada pelo seu trabalho e não ameaçada de cadeia”. O artigo de Ressa, divulgado pela Rappler, alegava múltiplas relações de um homem de negócios filipino, WilfredoD Keng, com um juiz do Supremo. O tribunal da Relação veio agora possibilitar um período de prisão de mais de 6 anos.

Ressa, a quem foi atribuido o Prémio Nobel no ano passado pelo “seu trabalho em prol da liberdade de expressão” confirma que têm sido repetidos os ataques contra jornalistas e ativistas da comunicação. E conclui: “A despeito destes constantes ataques governamentais, continuaremos as nossas missões. O jornalismo independente nas Filipinas é mais necessário que nunca”.

Amal continua a sua luta legal ininterruptamente. Conseguiu ser ouvida nas Nações Unidas na Área de Direitos e Liberdades e prevê-se que consiga resultados valiosos como tem conseguido em casos anteriores de grande visibilidade internacional.

Não admira, portanto, que tenha conseguido afastar a Zeta-Jones do marido. Um desperdício mas, sem dúvida, uma vitória para a tranquilidade do casal e dos pequenos gémeos. E esperemos que o George, agora com 61 anos, nos continue a priveligiar com os seus fantásticos filmes de ação e de charme.

2 pensamentos sobre “OS CLOONEY

  1. N a minha recente viagem de turismo pelo Norte de Itália, em Como a guia turística não deixou de assinalar como uma das atracções da cidade a residência dos Clooney. É assim1

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  2. Uma movimentada história que dava para mais um filme, onde a aventura e as intrigas amorosas se misturam com políticas locais, em cenários deslumbrantes dos trópicos asiáticos, como eram as histórias de Stephan Zveig, há muito esquecidos do cinema ..!

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