O teatro é talvez a arte mais antiga inventada e desempenhada pelo homem. Nele se expressam dramas, comédias, paródias, com ou sem coberturas musicais, mas sempre ( e isso é eterno) com irreprimíveis doses de inovação , transmitindo aos espectadores as sensações mais variadas de dor, paixão, alegria, desafio cultural e psicológico.É assim desde os tempos dos gregos, dos romanos e de todas as outras escolas que vieram a surgir por todo o mundo. Gil Vicente e Shakespeare serão eternos nos enredos que criaram e nas lições subliminares que nos transmitiram até aos dias de hoje.
Todos temos na memória figuras distintas e arrebatadoras dos palcos que nos deixaram a pensar sobre a filosofia da vida, de paixões não correspondidas ou de finais arrebatadoramente felizes. Vimos grandes senhoras do teatro a desempenhar papéis ingratos de prostitutas que eram aplaudidas no fim pela excelência das suas participações. Não me lembro de terem sido contratadas prostitutas profissionais para esses desempenhos. Nem de escritores para fazerem papéis de escritores no lugar de atores de teatro, profissionais, que os desempenham com enorme grandeza.
Surgiu recentemente uma peça de teatro em que um actor desempenha o papel de um transgénero. E parece tê-lo feito bem. Mas eis que a sala em que a peça se desenrolava é invadida por uma senhora , aparentemente transgénera, que resolveu gritar para defender o que dizia ser a sua causa e insultando quem, na peça em palco, desempenhava o papel de transgénero, acusando os produtores de, dessa maneira, estarem a roubar trabalho a todos os seus equiparáveis. A invasão inopinada da sala não foi travada por ninguém (como é possível?) e os produtores resolveram substituir o actor que desempenhava o papel.
Mas o que é isto? Desde quando as liberdades de uns são aceites como invasores das liberdades de outros. Pessoas transgéneras existem e são reconhecidas mas, segundo as estatísticas não deixam de ser minorias. Respeitáveis mas minorias. Mas casos como este tirar-lhes-á o epíteto de respeitáveis. E não é aceitável que os responsáveis da peça tenham consentido esta indecente obstrução à liberdade.
Estas e outras manifestações de minorias populistas não são impulsivas, são programadas, para porem em causa a democracia e a liberdade das sociedades conscientes. O que ali se passou não é um caso menor. É um atentado despudorado à democracia. E pouca gente falou disso.
Manuel José, tens toda a razão!
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