Não quero, não devo
Deixar passar esta data
Sem uma alusão
Pequena
Ao materializar de uma grande ilusão.
Convivem neste país
Três gerações diferentes:
A que chorou em Abril
A que viu chorar por Abril
A que sorriu por Abril.
Seja qual for a idade
Fazem-no em Liberdade,
Porque no seu dia a dia
Respiram Democracia
Convivem com Abril.
Não creio que algum dia publique qualquer coisa parecida com um livro de memórias, mas se o fizesse, o 25 de Abril (começando no dia 24 e prolongando-se até ao 1º de Maio) teria lugar certo e com a minúcia de quem estivesse a viver os acontecimentos. Não tenho a pretensão de ser caso único, claro: para todos aqueles tempos foram inesquecíveis. A quarenta e três anos de distância podemos dizer que valeu a pena, e nem sequer tem sentido acrescentar “apesar de…” A evolução havida fez do nosso país um país diferente, e muito melhor, do que o anterior ao 25 de Abril. Por isso deve continuar a comemorar-se a data como se faz para a da implantação da República: ambas foram estruturantes para as nossas vidas.
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25 de Abril…! Tanto, que esta data me faz pensar. Mas pensar em quê ? Pensar em tanta lágrima de alegria. Pensar em tanta lágrima de tristeza. Pensar em tanto rosto de surpresa, de alegria, de amargura, de prazer, de amor, de ódio. Aquele dia 25…! Aquele dia 25, que tantos comemoram, porque odiavam o 24. Aquele dia 25, que trouxe depois o 26. Com ele, a reflexão do dia seguinte. Dos receios. Das amarguras. Das novas ordens. Das tiranias escondidas sob a capa da paz, da liberdade, da igualdade. e das oportunidades. E as alegrias de muitos alguns, começaram a dar lugar a outros rostos, de nostalgia, de dúvida, pelo receio das perdas inquietantes, da fúria dos ódios, dos oportunismos, da insegurança, da torpeza de uma ignorância colectiva. Arranjaram-se novos insultos, para classificar o que a liberdade proibia de classificar. Já não era igualdade, porque a de uns era diferente das dos outros. Tantos ganhos e tantas perdas, que me fazem pensar, como o 25 de Abril, nos transformou num novo povo, quase sem memória, porque já ninguém quer pensar como somos e muito menos como éramos…!
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