Vamos editar hoje o 50º texto deste blogue. Não será razão para grandes comemorações mas é grato, pelo menos, reconhecer a paciência que nos foi dedicada por muitos amigos e conhecidos durante os últimos meses. Alguns manifestaram-se de viva-voz, outros por correio direto, outros com a elaboração de comentários muito saborosos que sempre vieram abrilhantar e completar aquilo que não tinha sido referido nos textos iniciais. Para todos um grande obrigado, desejando que continuem a ter a mesma paciência. Se não conseguirem, desliguem-se, é fácil e não se dá por isso. Mas vejam se aguentam até à próxima comemoração, porque poderá ser, eventualmente, mais exuberante.
Para o texto de hoje resolvi recorrer a duas facetas do blogue: a primeira tem a ver com o facto que mais nos chocou recentemente, os horrorosos incêndios que assolaram o país; a segunda foi a decisão de escrever um poema, à semelhança do texto que inaugurou este blogue.
CONHECER OS PORTUGUESES
É preciso conhecer os portugueses
Para entender as penumbras
Dos seus desgostos, das iras incontidas
Da raiva que por vezes
Esvoaça, esmaga
Por vezes mata.
Foi numa tela a cores
Deslumbrantes, variadas,
Onde o negro chegou
Negro de luto, negro de chumbo.
Manchas desvairadas que tudo queimaram.
Vidas cremadas, almas dormentes
Não derrotadas.
O horror passou.
Agora é tempo de estudar, investigar,
Exigir, descobrir,
Saber como ajudar.
Mas eles não vão esperar,
Vão, pela calada do sofrimento,
Recomeçar.
Não se sabe como
Mas o sofrimento dos portugueses
Sempre lhes traz
A força que é deles,
Intensa, esmagada,
Como se fosse uma guerra não declarada.
Tira-lhes a paz mas não a força.
O negro vai desaparecer
As cores radiosas vão voltar
Com ou sem ajudas.
O luto vai continuar
Mas as vidas, para quem os conhece,
Não vão parar.
Sempre foram assim os portugueses
A sofrer e a viver
A reviver e a sorrir.
Só a morte nunca esperada
Os pode fazer partir.
O 17 de Junho de 2017 ficará marcado nas vidas de todos os portugueses.
Gostei imenso de ler o teu poema, que de uma maneira tão simples, expõe a maneira de ser de todos nós, portugueses! Grande abraço de parabéns.
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Deslumbrante ! Como em tão poucas palavras, se consegue descrever o que é ser português. Um povo que chora e ri ao mesmo tempo, Que desespera e recupera o seu vigor, sem dar sentido à desilusão. Que aguenta os desgostos, sem se vergar. Que ajuda, pelo impulso do seu sentido humano. Que se ilude, pela bondade de acreditar. Tudo muito bem descrito nos seus versos…! Está lá tudo…! Cumprimentos…!
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Muito bem! Gosto de ler o que escreves. És uma voz da minha geração e tal como eu, não perdeste o optimismo no nosso destino e continuas a esperar que virão sempre tempos melhores e que cada dia é um recomeço. Grande abraço.
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