A minha ligação ao dirigismo e associativismo desportivo desde 1981 arrasta-me, de vez em quando e quase sem dar por isso, para algumas reflexões que, embora sem importância, podem não ser notadas pelos amigos com quem me relaciono. Aqui vão dois casos:
1 – INOVAÇÕES NO TÉNIS
Modalidade que acompanho há muitos anos está agora a levar a cabo algumas alterações às regras do jogo que talvez venham melhorar a sua prática, principalmente tornando-a mais ágil, um pouco mais rápida e, portanto, mais aliciante para os espectadores. São pequenas alterações que têm vindo a ser discutidas desde há alguns anos pela ITF, mas que entram agora numa primeira fase experimental em torneio oficial.
Para os amantes ou praticantes da modalidade aqui ficam alguns desses pontos, expurgados de um texto de crítico da especialidade. Há quem, decerto, já os conheça, outros registarão este apontamento.
“Os encontros são disputados à melhor de 5 sets, decididos quando alguém ganha quatro jogos e com tie-break a 3-3. Todos os serviços são válidos desde que a bola bata no respetivo quadrado de serviço, toquem ou não antes na rede e, quando se chega a 40-40, joga-se o ponto decisivo. Há um relógio no court que conta de forma decrescente os 25 segundos permitidos desde a conclusão do ponto anterior ou depois do árbitro anunciar play. São permitidas conversas entre jogadores e treinadores (no final de cada set podem falar através de auscultadores e microfones, sendo audíveis para os espectadores). Uma novidade interessante é a ausência de juízes de linha. As chamadas (fora ou falta) são feitas por uma voz gravada, automaticamente acionada pelo sistema de “Olho de Falcão.”
São aparentemente pequenas alterações às regras mas que podem trazer bons efeitos à modalidade. Os jogadores ficaram agradados com o novo sistema.
2 – JORNAIS DESPORTIVOS
Nada de novo neste capítulo, apenas o retomar de um assunto que se comenta há anos mas que parece insolúvel. Sou ainda do tempo em que havia, por semana, duas edições de um jornal desportivo. Passou, mais tarde, a fazer três edições semanais. Mais tarde ainda, apareceram mais dois jornais desportivos e todos eles passaram a ser diários. E eles aí estão, sem interrupção, com altos índices de leitura, vorazmente consumidos pelos que se dizem interessados pelo Desporto. Há muitos anos que altos responsáveis e instituições desportivas vêm clamando contra este “desnecessário excesso” de “informação desportiva”. Até porque os jornais generalistas de expansão nacional também têm as suas secções de desporto que, segundo os tais responsáveis, dariam muito bem para as necessidades. Sabemos que noutros países o problema é o mesmo, o que não nos impede de contrariar o excesso de informação que é vendida e repetida por esses tais diários. Se se derem ao trabalho de analisar, durante uns dias, esses três jornais verificarão que cerca de 30 páginas são dedicadas ao futebol, de todas as categorias, desde primeiras ligas a distritais. Dão relevo a entrevistas com jogadores de futebol que ninguém conhece e que não têm nada para dizer, a não ser que precisam de trabalho. As outras 10 páginas, duas ou três de anúncios, são dedicadas a outras modalidades. Pequenos apontamentos de feitos muitas vezes interessantes, com relevância internacional para cada uma dessas modalidades, mas que nestes diários pouco mais têm que um “pé de página”. Só se há medalhas ou campeões metidos no assunto é que consegue aparecer o quarto de página. As maiores instituições desportivas nacionais não se conseguem fazer ouvir nessa “molhada” de notícias, levando-nos a pensar que pouco têm para dizer.
Esta ditadura comunicacional não é ocasional nem impensada. Bem pelo contrário, é o resultado de interesses muito alargados, altamente instalados e que, tudo o indica, são imbatíveis e indestronáveis. Se juntarmos a este “flagelo” o outro dos programas televisivos, ficamos preocupados. Há dias seguidos em que os três canais generalistas de TV têm programas com duração de horas, em simultâneo, com comentadores que, pelo que dizem ou não dizem, estão ali para terem uma ocupação remunerada.
O curioso é que, como disse no início, este tema não é novo. Os tais altos responsáveis comentam da mesma forma o que aqui deixo escrito e, ao longo dos anos, nada acontece. Há um argumento de peso que sempre aparece quando falamos disto: os jornais vendem-se, as pessoas estão interessadas. Os canais de televisão têm que ter audiências e não podem perdê-las para a concorrência. Pois é, mas se um dia os financiamentos (cujas origens desconhecemos) para todo esse derrame de notícias (inúteis, em grande parte) começar a faltar, talvez a harmonização entre jornais e leitores se possa dar, em áreas mais interessantes e de forma mais séria. E, como sabem, eu sou dos que gostam do Desporto.
NOTA: ESTE É O 99º TEXTO DESTE BLOG. O PRÓXIMO SERÁ, CLARO, O 100º. ESPERO, NESSA ALTURA, PODER DAR-VOS ALGUMA BOA NOTÍCIA. PARA UMA COMEMORAÇÃO SINGELA E PARA NOS DIVERTIRMOS UM POUCO. ATÉ LÁ!
De facto, o Ténis, como desporto de competição, tem tido sempre as atenções da juventude, apesar das dificuldades tornadas selectivas, por uma sociedade que sempre se apresentou snob, guardando para si, a beleza de um desporto, onde, no meu entender, se verifica o quanto nos sentirmos pessoalmente satisfeitos, após umas jogadas felizes. E talvez, por este este aspecto, ele se tornou uma paixão secreta de todos nós, longe das multidões ululantes e insultuosas, que não têm outro sítio para descarregar os seus desesperos, que não seja o futebol, ou outros desportos de massas. Recordo, as dificuldades que tínhamos, nos meus tempos de juventude, para jogar, sem qualquer monitor, que nos ensinasse os elementares movimentos e as técnicas de receber e devolver as bolas, não fora um ou outro amigo, mais disposto a acompanhar-nos. E os Courts de Ténis eram escassos. Recordo-me apenas os de Monsanto e os do Estoril, para não falar dos sempre abandonados do Campo Grande. Talvez ainda os da Figueira da Foz, já lá tão longe, bem organizados sob a tutela de um professor, de que já não me lembro do seu nome, infelizmente já desaparecido. Apesar de tudo, hoje já se começa a ver um maior interesse pela modalidade, favorecida pela maior quantidade de campos, promovidos pelas Câmaras Municipais em todo o país. Mesmo assim, a maior parte delas sem monitores. Daí o surgimento de novos jogadores de nível internacional. E sobre este assunto, as dificuldades que senti em interessar os meus netos, que vivem na cidade da Guarda, por falta de um monitor, nos Courts de Ténis, do interessante complexo desportivo de iniciativa camarária. Completamente abandonados. Lamentável…!
Em Alverca, naquela pequena cidade, onde se mistura o aglomerado de indústrias, com um dos grandes dormitórios de Lisboa, fui encontrar, há cerca de dez anos ou pouco mais, uma escola de Ténis com mais de quarenta alunos de todas as idades, dos quais eu também fiz parte, e não era o mais velho…!
E, se me permitem mais algumas palavras, não quero deixar de elogiar o muito que se fez e ainda se vai fazendo com a realização do Open do Estoril e de tudo o que se tem feito nos Clubes de Monsanto, ainda tão afastados do conhecimento da grande maioria dos portugueses. Apenas sabem, que existe…!
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Tudo gira à volta do dinheiro ! Quanto mais dinheiro um jogo ( tenho relutância em dizer desporto ) movimenta, mais notícias aparecem Claro que o futebol interessa a toda a gente em todo o mundo, até à Coreia do Norte e à Arábia Saudita, mas isso não justifica tanta ( pseudo ) notícia nem tanto “debate”. Tenho saudades dos tempos em que que as provas de esgrima nacionais mereciam não apenas a publicação dos resultados mas análises críticas nos jornais desportivos!. Guardei recortes desses tempos, talvez para me convencer de que não é imaginação !
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Plenamente de acordo com “ocupação” desnecessária de notícias que se repetem em todos os jornais, juntamente com programas televisivos. Falam essencialmente de futebol, esquecendo outras modalidades nas quais temos uma excelente classificação, mas que imprensa e televisão as relegam para segundo plano. Não vejo como isto possa ser corrigido, sem a intervenção das direções desportivas. Afigura-se uma solução muito difícil.
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