Hoje, lembrei-me de divagar um pouco sobre a forma como nos deslocamos pelo país, em qualquer sentido dos Pontos Cardeais. E como se terá já percebido, o automóvel tem sido, pela independência e o conforto que nos proporciona, a mais atractiva opção. Mas, andámos nós, a escolher o meio mais confortável e seguro de viajar, toda a nossa vida ? Começo a ter dúvidas, se esse conforto terá sido a melhor escolha…!
Há uns tempos, por necessidade de viajar até Porto, para variar, decidi apanhar o Rápido das sete. É engraçado como este termo ” apanhar o comboio “, ainda se mantém tão em uso, na nossa linguagem diária…! Às dez em ponto, estava a chegar a Campanhã, com um café, gentilmente servido no lugar e o jornal todo lido de fio a pavio.
Aquele comboio, Pendular, que por vezes nos indicava a velocidade de 225 quilómetros / hora, com alguns afrouxamentos a contrariar uma média que podia tornar a viagem ainda mais atractiva, satisfez-me perfeitamente, como se fazia noutros tempos …! De qualquer forma, não me arrependi em nada, de ter tomado a decisão de deixar o carro num parque junto da Estação.
E toda esta diferença, fez-me recordar os pesadelos das viagens de automóvel até ao Porto e vice- versa, que só não era tanto pesadelo, porque o espírito da viagem que nos roubava quase todo o dia, nos tornava eufóricos, pelo facto de ser um dia diferente dos anteriores.
Mais tarde, por motivos profissionais, essas viagens tornaram-se previamente cansativas, pela repetição, criando hábitos a moderar a sensação de cansaço. Ainda longe de termos uma autoestrada, uma paragem nas Caldas da Rainha para tomar um café na Saisa, ou alternando com Leiria, e saborear uma Brisa do Liz, a encher-nos de ânimo para chegar a Coimbra ainda a horas decentes para almoço. Escolher um restaurante, que preferencialmente ficasse mais uns quilómetros a cima, mais para o Norte. Porque não na Bairrada ? Era a pergunta …!
Chegados aos Carvalhos, lá nos enfiávamos pelo segundo troço de autoestrada até à ponte da Arrábida, dando por concluído um percurso de 300 quilómetros cheios de tráfego de camions e de perigos em qualquer troço de recta, porque era aí que se jogava a oportunidade de avançar. Era a Nacional 1, tão dramática em número de acidentes, como a Nacional 10, de França…!
E como tudo transformou a vida das pessoas, ao ponto de já nem se dar valor ao bom que temos…! Até custa a acreditar…!